Ausente
Percepção
Espere!
Só
um momento!
Ouça
o vento.
O
passo dos pássaros a contento...
Que talento!
Que lindo momento...
É
tanto o que eu invento
que
mal me sobra tempo
para
algum saboreamento
um sentimento
que
transporta à um intuito
de
te convencer a entender
o meu direito
de
me chatear a não saborear
minhas
invenções que dão aos centos
e
elas ficam por aí aos quatro ventos
e
eu aqui a me lamentar
do que eu ainda não fiz
do que eu ainda não fui
do que eu ainda não sou
E
tudo o que eu fiz fica invisível
fica
intocável imperceptível
jogado
de lado num brilho esquecido
e
eu sou escravo
de
uma perfídia libido
de
sempre querer o “aquilo”
aquele
inalcançável objetivo
e
quando seca o sangue
e
eu o alcanço
o
desejo se vai
mas
a angústia não cessa
não
há objeto que sacie a falta
para
que ela se despeça
falta
daquilo que ainda não é meu
daquilo
que eu
não
consigo ser
Meu
vício indestrutível
de
querer ser algo mais
além
do que se
possa
descrever
uma
mania quase doentia de não saciedade
que
a insatisfação
de
mim faz parte
E
então quando me dou conta
só
há tempo para a saudade
sendo
ou não sendo, tendo ou não tendo
cá
estou
perecendo
na finitude do meu tempo humano
e
só querendo
a
cada dia de um jeito mais intenso
o
novo desejo do NOVO
e
a felicidade
a
saciedade
são
luzes que se distanciam
a
cada passo
São
como fumaças densas
que
ao tocar se esvaem
E
em meus dedos
só
a ausência
e
a pertinência
dos
meus desejos
que
vivo para tê-los
mas
gostaria de esquecê-los
e
então
poder
não percebê-los
e
deitar meus olhos
sobre
o que tenho
sobre
o que fui
sobre
o que sou
e
sobre o que restou
além
da consistente vontade
de
querer!
C.R.R.7
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